Vou partilhar convosco mais uma das minhas odisseias.
A minha análise recai sobre o tão anunciado Cartão de Cidadão. Que no meu entender face à forma como está a decorrer a sua emissão é mais um “Cravo Cravado” nas “Novas Tecnologias” apregoadas pelo Governo a exemplo de outros projectos como: e-escola, “Magalhães” e tantos outros projectos de um Plano Tecnológico falido de meios e objectivos. Na maior parte das vezes porque quem os implementa se esquece de envolver as pessoas que os vão colocar em prática.
O relato dos factos:
- No dia 30 de Dezembro de 2009 decidi, na companhia do meu núcleo familiar, tratar do Cartão Único;
- Como sei que existe informação disponível na internet sobre o assunto recorri a esta “ferramenta”, mais propriamente ao GOOGLE e à questão “Cartão do Cidadão”, Nos resultados apresentados escolhi: Lisboa;
- Fui agradavelmente surpreendido pela informação que a página: http://www.cartaodecidadao.pt/ continha. Para além dos locais na Capital onde podia tratar do assunto, facultavam-me os tempos de espera;
- Seria “tolo” se não escolhesse aquele que apresentava um menor tempo médio de espera (11 minutos) na Conservatória de Registo Automóvel de Lisboa na Rua Mouzinho da Silveira, 34;
- Chegados ao local às 11:37h, retirámos as senhas 126, 127 e 128, quando reparámos no quadro de chamada, estava o número 61, 15 minutos depois, chamaram o 62;
- Eram 11:40H, perto de nós estava uma senhora de idade que dizia (alto e bom som) ao seu interlocutor,”…estou aqui desde as 9:00h, e tenho 20 pessoas à minha frente…;
- Aí percebi que tinha sido enganado. A informação que tinha recolhido em casa, antes de sair era enganosa;
- Tentei falar como uma Senhora que atrás do balcão se deslocava a tratar de algo. Resposta pronta (à Funcionário Público): “isso não é comigo!”, quando a informei que pretendia reclamar por escrito, muito solícita respondeu: “para isso está aí a Chefe!” e foi chamá-la;
- Quando a tal “Chefe” apareceu e a colocaram ao corrente da minha pretensão: “…Está aí um senhor a dizer que está escrito na net que o tempo de espera é 11 minutos…” informou-a uma outra Funcionária, obteve-se uma resposta pronta (à Chefe), “isso não pode ser!”
- Lá disse à Senhora Chefe o que tinha lido e onde, mas obtive como resposta: “…se quer reclamar por escrito, reclame, mas não sou obrigada a ouvi-lo…”. Facultou-me o Livro de Reclamações que mais tarde vim a verificar que não sabia utilizar. Enquanto preenchia a reclamação a Chefe efectuou uma ligação telefónica para a “DOUTORA”;
- Insistiu que eu Falasse com a “DOUTORA”, não sem antes lhe ter explicado: “…Que era ela que naquele dia estava naquele lugar (suponho o de chefia), tinha um cliente que queria preencher o Livro de Reclamações (como se isso fosse algo de muito grave, suspeito e até sinistro). Enquanto preenchia a minha reclamação, não pude deixar de ouvir a dita (suponho) Chefe substituta informar a DOUTORA que estava com muita afluência de pessoas, já tinha “fechado” as senhas de atendimento e não sabia se conseguia atender, em tempo útil, os utentes que já estavam à espera;
- De permeio falei (ainda que contrariado) com a tal DOUTORA, trocamos perspectivas da informação que estava disponível na Internet. Ainda que a Senhora tivesse razão quanto ao dia de análise o facto é que qualquer pessoa podia constatar que o tempo médio na Conservatória do Registo Automóvel de Lisboa era o mais baixo de todos os serviços disponíveis. Mesmo que mais demorado no dia em questão, nada justificava o tempo que a seguir se representa: 15 minutos de espera entre números x 67pessoas totalizam 900minutos, ou seja, 17:15H, atendendo a que eram já 12:00H, a este ritmo, sairíamos da Conservatória perto das 05:15 do dia 31DEZ.
Conclusões
- O importante é dar a ideia de eficiência quando se consulta a Internet, depois, no local, voltamos ao Século passado, em que os tempos de espera para tratar de documentação eram para todo o dia, importa levar lancheira e/ou dinheiro para as refeições;
- Os Funcionários Públicos, mais bem vestidos, com um sorriso, mas lá vão dizendo as mesmas coisas: “…não é comigo…”, “…está aí a Chefe…”, “Senhora DOURORA, o que é que eu faço, tenho aqui um daqueles chatos e que se recusa a cumprir as nossas regras?...”. Enfim o mesmo de sempre.
- Grave é entre o que se quer fazer parecer e a realidade. Existem situações caricatas como: só haver um Funcionário que na realidade percebe do assunto (eu ouvi, não me desmintam), pessoas a aguardar sentadas em escadas de metal, secretárias e no chão, (eu vi não me desmintam).
- Uma Senhora que pode ser muito eficaz em qualquer coisa, mas para Chefe e/ou atender público é muito pouco eficaz (eu presenciei e falei com a Senhora não me desmintam).
- Uma DOUTORA que fala com os Contribuintes do alto do pedestal que possivelmente o seu cartão partidário lhe facultou, mas que…paciência. Está mais preocupada em preservar o seu poleiro que em resolver os assuntos de quem paga para ela lá estar.
- Quando o Cartão deCidadão for obrigatório e as televisãoes estiverem a efectuar “Directos” dos locais, decerto teremos uma DOUTORA a dizer: “…Os portugueses são sempre a mesma coisa deixam tudo para a última da hora, não sabem vir atempadamente e quando os Serviços tinham “condições” dignas de os atender…”
- O Funcionalismo Publico no seu melhor, mas sempre com estes “chatos” e cada vez mais exigentes Cidadãos na sua frente a perturbarem.
Post scriptum: Como sempre faço quando me sinto lesado preenchi a reclamação n.º 25 do Ministério da Justiça, Instituto dos registos e do Notariado, IP, Departamento do Cartão do Cidadão - CRAL
Júlio Santos
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